Publicado em 14/09/2016
Principais Candidatos à Prefeitura de SP cobram até R$ 7,5 mil por jantar
Evento mais caro é o de Marta Suplicy (PMDB), enquanto o mais barato é o de Erundina (PSOL).
A primeira eleição com a proibição de
doações eleitorais de empresas para as campanhas, os principais candidatos à
Prefeitura de São Paulo organizam jantares, com altos preços, para aumentar a
arrecadação.
O convite mais caro até agora é para sentar
à mesa de convidados da senadora Marta Suplicy (PMDB) — a refeição na
residência de um casal de amigos da candidata custa R$ 7.500.
Esse será o segundo evento gastronômico da peemedebista. No primeiro,
realizado no dia 2 deste mês, a campanha reuniu 150 convidados, que pagaram R$
5.000 cada de entrada.
A arrecadação total foi de R$ 600 mil em apenas uma noite — o
equivalente a 21% do total arrecadado até agora por Marta (R$ 2,7 milhões).
O jantar foi oferecido na casa do industrial Raul Saigh, no Jardim Europa. Ele é casado com Ieda, amiga de infância da senadora.
"Foi um encontro mais íntimo. As pessoas puderam ter contato
direto com a candidata", disse o advogado José Pimentel, coordenador
financeiro da campanha da peemedebista. Pimentel afirmou que informou a
arrecadação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) dentro do prazo de 72 horas. O
valor das doações do jantar, porém, ainda não consta da prestação de contas.
Segundo o advogado, o valor arrecadado poderia ser ainda maior,
uma vez que 30 pessoas não conseguiram registrar a doação por problemas de
documentação. A entrada foi registrada como "cortesia". "Estamos
estudando a ideia de realizar um terceiro jantar antes do primeiro turno."
O empresário João Doria, candidato do PSDB, também vai realizar,
no dia 22 deste mês, em um hotel de luxo da capital, seu primeiro jantar de
arrecadação ao preço de R$ 2.500 por convidado.
O coordenador jurídico da campanha do tucano, Julio Semeghini,
destacou que os jantares do PSDB em campanhas anteriores custavam, em média, R$
1.000. A campanha espera reunir 500 convidados no evento. Se a meta for
atingida, Doria vai arrecadar R$ 1,2 milhão. Até o momento, ele já angariou R$
2,8 milhões, sendo R$ 1,2 milhão doado pelo próprio candidato.
Semeghini negou que a intenção seja reunir empresários amigos de
Doria e que integram o Lide, grupo de empresários criado pelo candidato.
"Os partidos da coligação vão ajudar a vender os convites. A ideia é fazer
um evento com amigos de vários partidos", afirmou.
Prefeito e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT) realizará
nesta quarta-feira (14), seu primeiro jantar, em uma cantina da capital. O
valor do convite é de R$ 5.000, mas a campanha prefere não fazer estimativas
sobre o número de participantes.
A deputada Luiza Erundina (PSOL) realizou até agora um jantar, mas
ainda no período de pré-campanha. O valor cobrado foi de R$ 300 por convidado —
cem presenças foram confirmadas no restaurante Porpetão, na Saúde, zona sul.
Segundo Marcelo Aguirre, coordenador financeiro da campanha, não haverá outro
evento do gênero.
— Essa nova legislação encurtou demais a campanha.
Sem-teto
Um protesto de aproximadamente dez moradores de rua ameaçados de despejo pela Prefeitura levou Haddad, em ato de campanha, a interromper um encontro com artistas na Praça Roosevelt. Munidos de faixas críticas ao prefeito, os manifestantes, que vivem sob um viaduto da Radial Leste, xingaram o petista de "higienista". Eles protestavam contra um pedido de reintegração de posse feito pela Prefeitura que deve desabrigar as cerca de 300 pessoas do local. Haddad respondeu que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil classificaram a ocupação como área de risco e que todos moradores serão incluídos em programas municipais. Entre os artistas estavam o cartunista Laerte e as cineastas Laís Bodansky, Ana Muylaert, Tata Amaral e Marina Person. Haddad estava acompanhado da mulher, Ana Estela, e do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira.