Publicado em 23/11/2016
Estudo mostra casos de bebês infectados com zika que desenvolveram microcefalia após o nascimento
Novo trabalho é o primeiro a identificar sintomas meses após o nascimento em crianças que inicialmente tinham medidas da cabeça consideradas normais.
Imagens de ressônancia do cérebro de duas crianças avaliadas no estudo dos CDC
Alguns bebês infectados pelo vírus da zika nascem aparentemente saudáveis, mas têm malformações cerebrais e depois desenvolvem a microcefalia, um crescimento da cabeça abaixo da média, segundo um estudo divulgado na terça-feira (22).
Os Centros de Controle e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) publicaram um estudo que descreve 13 casos nos estados de Pernambuco e Ceará de bebês cujas mães tiverem zika durante a gravidez.
"Destes, 11
desenvolveram microcefalia mais tarde", afirmaram os cientistas.
"Este crescimento anormalmente lento da cabeça foi acompanhado por sérias
complicações neurológicas". Segundo o estudo, a desaceleração do
crescimento da cabeça foi verificado a partir do 5º mês de idade, no mínimo.
Sete dos 13 bebês
sofreram de epilepsia e "todos tinham problemas de motricidade similares
aos de uma paralisia cerebral", acrescentou o estudo.
Os recém-nascidos foram observados
durante seu primeiro ano de vida e, portanto, eram pequenos demais para que
suas deficiências cognitivas pudessem ser avaliadas.
Os pesquisadores já
sabiam que o zika podia causar problemas no desenvolvimento cerebral mesmo
quando não havia sinais externos de microcefalia. Mas o novo trabalho é o
primeiro a mostrar o desenvolvimento dos sintomas após o nascimento.
"Uma microcefalia
pode não ser evidente no nascimento, mas se desenvolver mais tarde com
anormalidades cerebrais subjacentes", disse o estudo.
No entanto, nem todos os
bebês nascidos após terem sido expostos ao zika desenvolveram este tipo de
problema, e os pesquisadores ressaltam que o estudo não indica a incidência com
que a microcefalia pode se desenvolver depois do nascimento.
Os especialistas pedem,
porém, aos ginecologistas, que realizem tomografias cerebrais nos fetos
expostos ao zika e que façam acompanhamento médico do seu desenvolvimento nos
meses posteriores ao nascimento. Os autores do trabalho são de 17 instituições
brasileiras e americanas.