Publicado em 06/12/2016
Brasil cai em ranking mundial de educação em ciências, leitura e matemática
Dados do Pisa, prova feita em 70 países, foram divulgados nesta terça; Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
Os resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), divulgados na manhã desta terça-feira (6), mostram uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. A queda de pontuação também refletiu uma queda do Brasil no ranking mundial: o país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
A prova é coordenada pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi aplicada no ano de 2015 em 70
países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o
Brasil. Ela acontece a cada três anos e oferece um perfil básico de
conhecimentos e habilidades dos estudantes, reúne informações sobre variáveis
demográficas e sociais de cada país e oferece indicadores de monitoramento dos
sistemas de ensino ao longo dos anos.
Top 5 do Pisa em CIÊNCIAS:
1.
Cingapura: 556 pontos
2.
Japão: 538 pontos
3.
Estônia: 534 pontos
4.
Taipei chinesa: 532 pontos
5.
Finlândia: 531 pontos
Top 5 do Pisa em LEITURA:
1.
Cingapura: 535 pontos
2.
Hong Kong (China): 527 pontos
3.
Canadá: 527 pontos
4.
Finlândia: 526 pontos
5.
Irlanda: 521 pontos
Top 5 do Pisa em MATEMÁTICA:
1.
Cingapura: 564 pontos
2.
Hong Kong (China): 548 pontos
3.
Macau (China): 544 pontos
4.
Taipei chinesa: 542 pontos
5.
Japão: 532 pontos
Especialistas ouvidos
pelo G1 afirmam que não há motivos para comemorar os
resultados do país no Pisa 2015, e afirmaram que, além de investir dinheiro na
educação de uma forma mais inteligente, uma das prioridades deve ser a formação
e a valorização do professor. "Questões como formação de professores, Base
Nacional Comum e conectividade são estratégicas e podem fazer o Brasil virar
esse jogo", afirmou Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.
Participação do Brasil
No país, a prova fica sob responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A amostra brasileira contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.
Em cada edição, o Pisa
dá ênfase a uma das três áreas. Na deste ano, o foco foi ciências. Em 2015, a
nota do país em ciências caiu de 405, na edição anterior, de 2012, para 401; em
leitura, o desempenho do Brasil caiu de 410 para 407; já em matemática, a
pontuação dos alunos brasileiros caiu de 391 para 377. Cingapura foi o país que
ocupou a primeira colocação nas três áreas (556 pontos em ciências, 535 em
leitura e 564 em matemática).
Segundo o Inep, não
existem "evidências empíricas" para afirmar que houve
"diferenças estatisticamente significativas" entre a pontuação dos
estudantes brasileiros nas três áreas do Pisa entre 2015 e as três últimas
edições da prova (2012, 2009 e 2006).
De acordo com os dados,
os resultados dos estudantes em ciências e leitura são distribuídos em uma
escala de sete níveis de proficiência (1b, 1a, 2, 3, 4, 5 e 6). Em matemática,
a escala vai de 1 a 6. De acordo com a OCDE, o nível mínimo esperado é o nível
2, considerado básico para "a aprendizagem e a participação plena na vida
social, econômica e cívica das sociedades modernas em um mundo
globalizado".
No Brasil, em todas as
três áreas, mais da metade dos estudantes ficaram abaixo do nível 2.
Além disso, 4,38% dos alunos brasileiros ficaram abaixo até do nível mais baixo no qual a OCDE determina habilidades esperadas para os estudantes em ciências. Em leitura e matemática, esse índice foi de 7,06% e 43,74% em matemática (no caso, da matemática, porém, há seis níveis de proficiência, e não sete).
Participaram alunos de todos os estados brasileiros, mas, no Amapá e no Paraná, não houve um número mínimo de avaliações para garantir uma análise estatística ampla. Por isso, o Inep alerta que os dados referentes a estes estados sejam analisados com cautela.
Em ciências e leitura, o Espírito Santo foi o estado com a maior média (435 e 441 pontos, respectivamente). Em matemática, a média do Paraná foi a mais alta, com 406 pontos, e o Espírito Santo teve a segunda maior média: 405. Já Alagoas registrou a média mais baixa nas três áreas: 360 em ciências, 362 em leitura e 339 em matemática.
Para Ricardo Falzetta, do Todos pela Educação, os dados mostram dois problemas principais. "Em primeiro lugar, que os nossos jovens não estão aprendendo conhecimentos básicos e fundamentais para que possam exercer plenamente sua cidadania enquanto jovens e depois, enquanto adultos, realizando seus projetos de vida. Em segundo lugar, a pesquisa aponta novamente – como vemos em diversos outros estudos, inclusive os nacionais – as enormes disparidades entre as regiões."
Veja abaixo os resultados do Brasil em
cada área:
Ciências
A
área de ciências foi o foco da prova neste ano. Os alunos foram avaliados de
acordo com três competências científicas: explicar fenômenos cientificamente,
avaliar e planejar experimentos científicos e interpretar dados e evidências
cientificamente.
Desempenho em CIÊNCIAS:
·
Média dos países da OCDE: 493 pontos
·
Média do Brasil: 401 pontos
·
Brasil – rede federal: 517 pontos*
· Brasil – rede privada: 487 pontos*
· Brasil – rede estadual: 394 pontos
Leitura
O
Pisa define o "letramento em leitura" como a capacidade de os
estudantes entenderem e usarem os textos escritos, além de serem refletir e
desenvolver conhecimentos a partir do contato com o texto escrito, além de
participar da sociedade.
Desempenho em LEITURA:
·
Média dos países da OCDE: 493 pontos
·
Média do Brasil: 407 pontos
·
Brasil – rede federal: 528 pontos*
·
Brasil – rede privada: 493 pontos*
·
Brasil – rede estadual: 402 pontos
Brasil – rede municipal: 325 pontos**
Matemática
A
área de matemática do Pisa é onde o Brasil tem a pontuação mais baixa nas
últimas cinco edições do programa. Porém, o país vinha registrando uma
tendência de crescimento consistente.
Desempenho em MATEMÁTICA:
·
Média dos países da OCDE: 490 pontos
·
Média do Brasil: 377 pontos
·
Brasil – rede federal: 488 pontos*
·
Brasil – rede privada: 463 pontos*
·
Brasil – rede estadual: 369 pontos
Entenda o Pisa
As provas do Pisa duram
até duas horas e as questões podem ser de múltipla escolha ou dissertativas.
Nesta edição, em alguns países, incluindo o Brasil, todos os estudantes fizeram
provas em computadores. O exame é aplicado a uma amostra de alunos matriculados
na rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental.
Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com
detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de
aprendizagem.
Do total de alunos da
amostra brasileira, 77,7% estavam no ensino médio, 73,8% na rede estadual,
95,4% moravam em área urbana e 76,7% viviam em municípios do interior.