Publicado em 12/12/2016
Menina de SP com tumor raro no rosto viaja para os EUA para fazer cirurgia
Melyssa, de três anos, tem tumor desmóide na mandíbula e pescoço. Pais ganharam passagens e tratamento gratuito em hospital da Louisiana.
Os pais da menina Melyssa conseguiram ajuda para tratar tumor raro e agressivo que provoca um crescimento de tumor gigante no rosto e pescoço
Com malas, laudos e exames em mãos, os pais da menina Melyssa, de 3 anos, viajaram com a filha na noite desta sexta-feira (9) para os Estados Unidos para dar início ao tratamento do câncer raríssimo e agressivo que a menina tem que faz crescer um grande tumor no rosto da criança. A família, que mora em uma comunidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, conseguiu gratuitamente a cirurgia em um hospital norte-americano, cerca de R$ 80 mil em uma vaquinha online e passagens aéreas para a viagem depois de uma campanha que mobilizou as redes sociais.
Um médico brasileiro que
trabalha há anos nos Estados Unidos soube do caso de Melyssa, se interessou e
entrou em contato com a família. Além da cirurgia, o hospital também ofereceu
um apartamento para que eles se hospedem durante todo o tratamento da criança.
A operação está marcada para 20 de dezembro, no hospital LSU Health Shreveport,
em Louisiana. Os médicos são especialistas em tumores grandes e em pescoço e
cabeça.
O pai de Melyssa,
Manassés Braga, de 25 anos, trabalha no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na
Grande São Paulo, e conseguiu uma licença para acompanhar a filha. Amigos de
trabalho fizeram uma vaquinha e arrecadaram o dinheiro suficiente para comprar
passagens para Manassés, a mãe, Caroline Braga, a menina Melyssa e o outro
filho do casal.
A família de Melyssa
descobriu o câncer em 2014. Durante uma brincadeira com a filha, os pais
perceberam que o pescoço dela estava com um nódulo. Foram ao médico e, sem
exames, receberam o diagnóstico de íngua e indicação de tratamento. Após idas e
vindas ao pronto socorro do convênio, exames, tomografias e médicos
especialistas, a mãe, levou a filha na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
e lá foi constatado o tumor.
Tumor aumentou
A situação de Melyssa se agravou no último mês. O G1 visitou a família no início de novembro e nesse período o tumor aumentou muito, atingindo o lado esquerdo do rosto de Melyssa.
Ela não conseguia fechar
a boca, porque o inchaço não permitia. Os pais também notaram mudança no
comportamento da menina, que passou a se chamar de feia, não querer visitas de
pessoas desconhecidas e ficar chorosa. “Essa foi a primeira vez que nós vimos a
nossa filha assim. Até então, era só brincando, rindo, comendo as coisinhas que
ela gosta. Essa foi a primeira vez que a gente percebeu a doença afetando a
vidinha dela e a gente sente, não tem jeito”, conta Manassés.
Com o avanço da doença
de Melyssa, os pais não conseguiram assimilar o que está por vir. “A gente
prefere não pensar muito que é outro país, outra cultura. A gente prefere
pensar que é um passeio, que a gente vai lá, tratar a Melyssa, voltar para a
nossa vida”, diz a mãe Caroline.
“As pessoas falam que a
gente não vai ter nada quando voltar. Vamos devolver a casa que é aluguel, os
móveis que não estão em bom estado vão ser jogados fora, outras coisas vamos
dar para algumas pessoas. Quando a gente voltar, vamos ter que recomeçar e
reconstruir. Mas a gente nem consegue pensar nisso agora, a gente só quer
pensar que Deus vai curar. Só penso no dia que ela fizer a cirurgia e o médico
falar que ela está bem. A prioridade é a minha filha”, completa Caroline.
Ansioso pelo início o
tratamento, Manassés afirma que o que ele mais quer é voltar com a filha e
retomar a vida aqui no Brasil. "A gente está com pressa da rotina que a
gente quer ter. Ver uma perua levando meus filhos para escola, coisa que nós
nunca vivemos. A gente quer ter a rotina que muitas pessoas têm. Ver nossa
filha brincar, correr, ter o rostinho perfeito, ir para a igreja. A gente tem
vontade de viver isso e não ser só um sonho. Tirar esse peso da gente. É uma
tortura vê-la desse jeito. Eu quero ver a minha filha bem, meus dois filhos
brincando."
Diagnóstico
Em 2014, durante uma brincadeira com a filha, os pais de Melyssa perceberam que o pescoço dela estava com um nódulo. Foram ao médico e, sem exames, receberam o diagnóstico de íngua e indicação de tratamento. Após idas e vindas ao pronto socorro do convênio, exames, tomografias e médicos especialistas, a mãe, levou a filha na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e lá foi constatado o tumor.
Após uma semana
internada, muitos exames feitos e o tumor ainda maior, iniciaram o tratamento
com anti-hormônio, que durou cerca de dois meses. Sem o resultado esperado,
deram sequência com quimioterapia durante três meses. Mas com a imunidade
baixa, e pouco resultado, os médicos constaram que Mel não poderia receber mais
sessões da medicação.
“A última que ela tomou
foi em maio de 2015. Ela estava com imunidade zero, com os glóbulos brancos
baixos. Ela foi internada duas semanas, porque o organismo dela não estava mais
aguentando”, conta a mãe.
Cirurgia
Em uma conversa com o médico, a família soube que a quimioterapia não estava dando o resultado esperado, que Mel não aguentaria outros tratamentos e que os pais deveriam decidir se ela seria operada. “Eu perguntei se ela morreria fazendo ou não a cirurgia e ele disse que sim. Eu não acreditava, eu chorava”, lembra a mãe.
“Então, que não
autorizava a cirurgia. Se fosse para ela morrer de qualquer jeito, que seja em
casa, brincando, feliz, comendo. Ao meu ver de mãe, eu optei pela qualidade de
vida dela. Melhor do que ela ficar até o último dia dentro de um hospital, sem
comer, sem falar, debilitada”, lamenta.
O médico explicou para
os pais que aquele era o momento de fazer a cirurgia, que depois não seria
possível. “Eu procurei manter a calma, pensei, repensei, mas é uma decisão
difícil”, conta o pai.
Ferida no rosto
Desde que os pais optaram por não operar Mel pouca coisa mudou. Embora o tumor tenha crescido ainda mais, eles garantem que a filha não sente dores, não toma remédios e está sempre brincando. “Ela é cheia de vida”, garante a mãe.
Segundo os pais, as
maiores dificuldades de Mel é uma ferida que apareceu no rosto dela, depois que
um vasinho estourou e a pele não conseguiu conter e a gengiva que tem sido
forçada ainda mais para dentro, por causa do tumor. Essas complicações fizeram
a família repensar a cirurgia.
“Minha filha está
morrendo. Então agora eu quero tentar a operação. Ela está ruim agora, antes
ela não estava assim. Ela está sofrendo agora, está difícil agora. Se, Deus o
livre, ela falecer, eu posso dizer que eu operei quando ela já estava ruim, que
ela viveu bastante. Ela viveu um ano e meio depois desse diagnóstico e com
qualidade de vida, brincando. Um ano e meio para uma criança é muita coisa”,
lamenta Caroline.