Publicado em 14/12/2016
Cessar-fogo é rompido e saída de civis é adiada em Aleppo
Rebeldes, governo sírio, Rússia e Turquia não explicaram o atraso. Acordo prevê saída de civis que se encontra no último bolsão de resistência na cidade.
Homem carrega criança na saída da área rebelde de Aleppo, cidade ao norte da Síria, na segunda-feira (12)
Apesar do anúncio de um acordo de cessar-fogo, bombardeios continuaram a atingir bairros rebeldes da cidade de Aleppo, no norte da Síria, nesta quarta-feira (14). As tropas do governo já dominaram a parte ocidental da 2ª maior cidade da Síria.
A retirada de civis das
áreas controladas por rebeldes no leste, que teria início no começo nesta
manhã, foi adiada, segundo as agências Reuters e France Presse. Uma autoridade
dos rebeldes culpou o Irã e milícias xiitas aliadas ao presidente sírio, Bashar
Al-Assad, pelo adiamento, de acordo com a Reuters. É possível que a operação
seja retomada na quinta-feira (15).
Um acordo de cessar-fogo
mediado pela Rússia, aliado mais poderoso de Assad, e a Turquia suspendeu por
um período os confrontos na cidade e deu ao líder sírio a maior vitória até o
momento em mais de cinco anos de guerra.
Porém, na manhã desta
quarta-feira, forças sírias retomaram ataques contra vários bairros controlados por rebeldes, rompendo um cessar-fogo, que havia sido anunciado na terça-feira
(13), segundo a CNN. A Rússia diz ter sido resposta aos ataques rebeldes.
"Nesta manhã
ocorreram 14 disparos de morteiros das tropas do regime contra o setor
controlado pelos rebeldes, pela 1ª vez desde a noite de terça-feira",
disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos
(OSDH).
O ministro das Relações
Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a resistência rebelde deve
acabar nos próximos dois a três dias. Autoridades na coalizão militar que luta
em apoio a Assad não pôde ser imediatamente contatada sobre o motivo do
adiamento da desocupação.
Retirada de civis
Um acordo, mediado por Rússia e Turquia, na terça-feira prevê a saída dos civis e insurgentes que se encontram no último bolsão de resistência na zona leste de Aleppo. O primeiro grupo de civis programados para sair deveria ser composto por 70 feridos e familiares - um total de 150 pessoas.
A retirada deveria ter
começado às 5h (1h de Brasília) desta quarta-feira, de acordo com o OSDH.
Mais de três horas
depois, no entanto, quase 20 ônibus permaneciam estacionados no bairro de
Salahedin, dividido entre o regime e os rebeldes.
Os motoristas dormiam
nos ônibus e não era possível observar nenhum civil ou insurgente nos
arredores, ainda segundo a France Presse. Nenhuma parte envolvida - rebeldes,
governo, Rússia, Turquia - apresentou uma explicação para o atraso.
Supervisão internacional
Nesta quarta-feira, o governo da França pediu a presença de observadores da ONU para supervisionar o processo em Aleppo.
"A França solicita
observadores das Nações Unidas para ter a garantia de que a saída dos civis é
uma prioridade, mas também para que os combatentes não sejam massacrados",
afirmou o ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.
Na terça, a embaixadora
dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, já havia solicitado a presença de
"observadores internacionais imparciais" para supervisionar a
retirada dos civis, que segundo ela "temem ser abatidos na rua ou enviados
para alguns dos 'gulags' de Assad".
Abusos
Nesta
terça-feira (13), a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que as forças sírias
pró-governo mataram ao menos 82 civis, entre
eles mulheres e crianças, no leste de Aleppo. A CNN afirmou que as tropas
entraram nas casas para cometer os assassinatos, segundo relato do porta-voz do
Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville.