Publicado em 09/03/2017

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EUA rejeita proposta da China sobre diálogo com Coreia do Norte

O governo norte-coreano tem um comportamento irracional, incompatível com a diplomacia, disse à imprensa a embaixadora americana na ONU.


Embaixadora americana para a ONU, Nikki Haley


Os Estados Unidos rejeitaram nesta quarta-feira uma proposta da China para relançar as negociações com a Coreia do Norte, afirmando que a bola está no campo de Pyongyang após os recentes disparos de mísseis balísticos.

A China, principal aliada e protetora do regime norte-coreano, propôs nesta quarta-feira que Pyongyang suspenda seu programa nuclear em troca do fim das manobras militares lançadas pelo Estados Unidos e Coreia do Sul, com o objetivo de evitar "um choque frontal" entre as Coreias.

O governo norte-coreano tem um comportamento irracional, incompatível com a diplomacia, disse à imprensa a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, e o Departamento de Estado.

O governante norte-coreano Kim Jong-Un "é uma pessoa que não age racionalmente, que não pensa claramente", disse Haley.

"O comportamento da Coreia do Norte não é racional", expressou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.

A China apresentou sua proposta depois que o Conselho de Segurança da ONU condenou, na terça-feira à noite, os mais recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos, chamados de "grave violação" das resoluções do organismo, e considerou que "as partes voltem à mesa de negociações", segundo o chanceler chinês Wang Yi.

O comportamento dos Estados Unidos na ONU é o de "um malfeitor que grita 'ladrão'", afirmou um porta-voz do Ministério norte-coreano das Relações Exteriores.

Pyongyang propôs em janeiro de 2015 a suspensão temporária de seus testes nucleares se os Estados Unidos anulassem suas manobras conjuntas com a Coreia do Sul, mas estes dois países rejeitaram a proposta.

"Reduzir as tensões"
Pyongyang lançou ao menos quatro mísseis em direção ao Mar do Japão e três deles caíram dentro das 200 milhas náuticas da zona econômica exclusiva japonesa.

Apontando para "reavaliar a maneira de proceder com a Coreia do Norte", a embaixadora americana afirmou que "todas as opções estão sobre a mesa" e não excluiu completamente a possibilidade de negociações diretas.

"Precisamos que a Coreia do Norte realize ações positivas antes que possamos levá-las a sério", assinalou.

As outras grandes potências pensam da mesma forma, além de considerarem que a Coreia do Norte precisa mostrar sua boa vontade.

"Dispararam quatro mísseis", lembrou o embaixador japonês na ONU, Koro Bessho, antes da reunião.

O embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi, insistiu na necessidade de "reduzir as tensões". Pequim está preocupado com a implantação esta semana de um escudo antimíssil pelos Estados Unidos na Coreia do Sul.

Um drible nas sanções
"É a Coreia do Norte que deve mostrar, com gestos concretos e sinceros, que está pronta para retomar o diálogo", sustentou o representante francês François Delattre.

Na terça-feira, Washington propôs ao Conselho de Segurança um texto de condenação dos testes nucleares de Pyongyang, adotado de maneira unânime pelos 15 integrantes do corpo.

O regime norte-coreano "rechaçou categoricamente" a condenação da ONU, e alegou que as manobras militares conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos os impulsionam a tomar "medidas mais duras".

Seis pacotes seguidos de sanções impostas pela ONU desde o primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006 não dissuadiram Pyongyang de continuar com seus programas.

Um relatório da ONU publicado no final de fevereiro mostra que a Coreia do Norte burlou as sanções mais duras recorrendo a intermediários e a empresas fantasmas para continuar seu comércio com Malásia e China, entre outros países.

Durante as sanções, a China anunciou o fim das importações de carvão norte-coreano, privando o governo deste país de um investimento fundamental.

O presidente americano, Donald Trump, expressou o "compromisso inviolável dos Estados Unidos de estar ao lado do Japão e da Coreia do Sul diante das sérias ameaças da Coreia do Norte".

www.afp.com