Publicado em 29/03/2019

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Brasil enviará 870 quilos de remédios e insumos para ajuda humanitária em Moçambique

Bombeiros e Força Nacional também partem para ajuda no local. Ciclone afetou cerca de 3 milhões de pessoas em três países —1,5 milhão delas crianças — e deixou pelo menos 686 mortos.


Menino recebe comida de um centro de distribuição de um supermercado em Dondo, a cerca de 35km de Beira, em Moçambique. — Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP


O Brasil enviará na sexta-feira (29) dois aviões com ajuda humanitária para Moçambique, após a passagem do ciclone Idai, que afetou cerca de 1,85 milhão de pessoas e deixou mais de 460 mortos no país.


Os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) sairão do Rio de Janeiro e levarão seis kits de medicamentos e insumos, totalizando 870 quilos. A quantidade é suficiente para atendar até três mil pessoas durante três meses, segundo o Ministério da Saúde.


Além dos insumos, equipes do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e da Força Nacional.


Segundo comunicado do ministério, os kits têm antibióticos, anti-hipertensivos e antitérmicos, como penicilina, amoxicilina, paracetamol e soro para hidratação. Além de materiais de primeiros socorros, como ataduras, gazes, luvas, máscaras, seringas, esparadrapos, entre outros.


Risco de cólera

Autoridades moçambicanas confirmaram na quarta-feira (27) o registro de cinco casos de cólera. Além da doença, os moradores da região ainda enfrentam escassez de alimentos, água e outros itens essenciais.


"Haverá mais [casos], porque cólera é uma pandemia. Quando há um caso, podemos temer outros. Estamos pondo em marcha medidas preventivas para limitar o impacto", disse o diretor nacional de Saúde, Ussein Isse, em entrevista coletiva em Beira, cidade que ficou 90% destruída pela passagem do ciclone.


O cólera se espalha pela contaminação de água ou comida por fezes. Surtos podem se desenvolver rapidamente durante crises humanitárias em que os sistemas de saneamento entram em colapso. A doença pode matar dentro de horas, caso não haja tratamento.


O Idai chegou a Moçambique no dia 14 de março com ventos de mais de 170 km/h, e foi seguido de fortes chuvas. Sua passagem danificou casas, provocou inundações e deixou destruída a cidade portuária de Beira, segunda maior do país. A situação ali está "em ebulição", disse o chefe de uma operação de resgate da África do Sul no fim da semana passada.


Ajuda humanitária

A Unicef (sigla em inglês para Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas) lançou, também nesta quarta (27), um apelo para conseguir US$ 122 milhões (cerca de R$ 488 milhões) em ajuda humanitária destinada a Moçambique, Zimbábue e Malauí. Segundo a Unicef, são 3 milhões de pessoas afetadas nos três países — e cerca de metade são crianças.


e acordo com a organização, o ciclone é o pior desastre a atingir o sul da África em pelo menos duas décadas. A intenção é que a ajuda humanitária se estenda pelos próximos nove meses.


"A escala massiva da devastação causada pelo ciclone Idai está ficando mais clara a cada dia", disse a diretora-executiva da Unicef, Henrietta Fore, em visita à cidade de Beira na semana passada. "As vidas de milhões de crianças estão em risco, e nós precisamos urgentemente montar uma resposta humanitária nos três países."


A situação nos lugares atingidos pelo ciclone deve ficar pior antes de melhorar, segundo a Unicef, à medida que mais áreas afetadas fiquem acessíveis por terra. A organização também registrou preocupação com a segurança de mulheres e crianças que estão em abrigos temporários e correndo risco de sofrer violência e abuso.


De acordo com a Unicef, mais de 869 mil pessoas foram afetadas no Malauí, incluindo 443 mil crianças e mais de 85 mil pessoas desabrigadas. No Zimbábue, foram mais de 270 mil pessoas afetadas — metade delas, crianças.


G1.globo.com